Outubro registra 50 mil focos de incêndios no país, maior número em 13 anos
Carlos Madeiro
Colaboração para o UOL, em Maceió
Colaboração para o UOL, em Maceió
- Marizilda Cruppe / Greenpeace
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O ano de 2015 também tem sido marcado por uma grande quantidade de focos de incêndio no Brasil, alavancadas pelo calor e tempo seco. Tanto que o número de ocorrências registradas até a manhã de quinta-feira (5) já chegava 192.443 casos, mais que o total de 2014 (184.779 focos) e de 2013 (115.220). O mês de setembro registrou o maior índice do ano, com média de 100 focos por hora --maior média desde 2010.
No país, o Estado com maior número de focos é o Pará, com 29,6 mil casos registrados este ano. O Mato Grosso vem logo atrás com 29,4 mil focos, seguido por Maranhão (22,3 mil), Tocantins (16,3 mil) e Bahia (15,4 mil).
Amazônia lidera
O bioma mais afetado pelo fogo é a Amazônia, que registrou 45,2% de todos os incêndios do país –87 mil casos. Já o Cerrado respondeu por 39% dos focos. Mata Atlântica (7%), Caatinga (6,1%) e Pantanal (2,2%) fecham a lista dos mais afetados.Segundo o coordenador de monitoramento por satélite das queimadas e incêndios do Inpe, Alberto Setzer, os números "falam por si mesmos". "Se está havendo mais incêndios é porque o homem está usando mais fogo na vegetação, os satélites mostram isso com clareza. E o clima seco favorece a propagação do fogo", afirmou.
Para Setzer, a tendência é que o número de focos caiam a partir de agora com a chegada do período chuvoso, especialmente no Cerrado e na Amazônia. "Isso já deve ser sentido este mês, como ocorre nesse período todos os anos. A tendencia é de queda", contou.
Reforço no combate
Segundo o chefe do Prevfogo (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do Instituto Nacional do Meio Ambiente e Recursos Renováveis - Ibama), Gabriel Constantino Zachariaso, a quantidade de focos obrigou o órgão a contratar mais 1.413 brigadistas."Além disso, foi criada mais uma brigada especializada, no Tocantins. Agora são sete brigadas especializadas que podem ser prontamente acionadas e deslocadas para qualquer parte do país", disse.
Um exemplo citado por ele foi a Operação Awa, na terra indígena Araboia, no interior do Maranhão. Cinco brigadas diferentes combateram o fogo que devastou quase metade da área. O incêndio foi controlado no final de outubro, após dois meses de destruição. "Esses grandes incêndios causam estragos por anos na região afetada. A vegetação demora anos para se restabelecer, e os animais, por consequência, também sofrem", explicou.
Entretanto, o chefe ressalta que os ecossistemas, em especial o Cerrado, têm grande poder de estabilidade e capacidade de se recuperar de um impacto. "O tempo que ele leva para se restabelecer vai depender do tipo do solo, do relevo, da disponibilidade de nutrientes e de extensão do período chuvoso e da não ocorrência de outros incêndios em anos vindouros", disse.
Para Zachariaso, o fenômeno "El Ninho" tem parcela importante de influência no crescimento do número de queimadas. "Mas também os crimes ambientais como desmatamento. Outro agravante é o uso do fogo como ferramenta de abertura de novas áreas, limpeza de pastagens e de áreas agricultáveis", explicou.
Ibama tenta controlar incêndio histórico em terras indígenas no Maranhão22 fotos
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24.out.2015
- Um dos maiores incêndios florestais dentro de uma terra indígena já
registrados no Brasil está consumindo um dos últimos remanescentes de
floresta amazônica do Maranhão e ameaçando a sobrevivência de povos
indígenas, incluindo grupos isolados. A Terra Indígena Arariboia, de 413
mil hectares, já teve mais de 45% de seu território dizimado pelo fogo,
que chegou a ter 100 quilômetros de extensão. No local, vivem 12 mil
Guajajaras e cerca de 80 índios isolados do povo Awá-Guajá. A imagem foi
divulgada nesta quarta-feira (28) pelo Greenpeace Leia mais Marizilda Cruppe / Greenpeace