terça-feira, 13 de outubro de 2015

Incêndios fazem governo decretar emergência em 12 cidades do AM

Estado registrou recorde de incêndios com mais de 11 mil focos neste ano.
Previsão é de que chuvas fiquem abaixo do normal até dezembro.

Do G1 AM
Bombeiros durante combate a incêndio no interior do estado (Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros) 
Bombeiros durante combate a incêndio no interior do estado (Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros)
O Governo do Amazonas decretou nesta terça-feira (13) estado de emergência em 12 cidades por causa do alto número de incêndios registrados nos últimos meses. A decisão, publicada no Diário Oficial do Estado (DOE), prevê que governo e prefeituras executem as medidas necessárias para minimizar as ocorrências e os efeitos das queimadas. Há 13 dias Manaus amanhece encoberta por uma nuvem de fumaça densa e cinzenta que dificulta a respiração e atrapalha a visibilidade.
A vigência do decreto será por 90 dias e abrange as cidades de Manaus, Autazes, Caapiranga, Careiro, Careiro da Várzea, Iranduba, Itacoatiara, Manacapuru, Manaquiri, Novo Airão, Presidente Figueiredo e Rio Preto da Eva.
De acordo com o governo, para combater os incêndios devem ser entregues kits compostos de equipamentos e materiais para Brigadas de Combate a Incêndios formadas na área de influência da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho.
Imagem do Inpe mostra focos de incêndio no estado (Foto: Reprodução/Inpe)Imagem do Inpe mostra focos de incêndio no estado (Foto: Reprodução/Inpe)
Também foi anunciada a criação de um Centro Integrado de Monitoramento Ambiental e formação de novos brigadistas. O Executivo Estadual não divulgou quanto irá receber em dinheiro para combater os incêndios, em razão do estado de emergência, nem quanto será repassado aos municípios.
Este ano, o estado registrou recorde de incêndios, com 11.104 focos. O número é o maior já registrado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que contabiliza os dados via satélite há 17 anos. Somente em setembro, foram mais de 5 mil casos. Em outubro, há ao menos 1.063 ocorrências.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) o período de seca deve se estender até dezembro. A previsão é de que as chuvas fiquem abaixo do normal na capital e em parte do interior do Amazonas.
Desde o início do mês, órgãos ligados ao estado e municípios que compõem o Sistema do Comando de Incidentes (SCI) reúnem-se para discutir as ações. Uma força-tarefa foi montada para tentar conter a situação. No entanto, as ações eram realizadas apenas na capital e Região Metropolitana.

O secretário de Meio Ambiente, Antonio Ademir Stroski, disse que equipes fazem sobrevoo na cidade para identificar focos de calor e que produtores rurais serão orientados a não queimar a área que será utilizada no plantio.

"Tínhamos a concentração de queimadas em Apuí e Boca do Acre, ou seja, Sul do estado na primeira quinzena de setembro. Da segunda quinzena [para cá], já vemos a região metropolitana de Manaus com destaque. Oito dos 15 primeiros na lista com maiores focos de incêndio estão na região metropolitana de Manaus", disse.

Na Avenida das Torres, via de acesso da Zona Norte à Zona Leste, também estava sob fumaça (Foto: Andrezza Lifsitch/G1 AM)A Avenida das Torres, via de acesso da Zona
Norte à Zona Leste, também estava sob fumaça
(Foto: Andrezza Lifsitch/G1 AM)
Nuvem de fumaça
O clima seco, influenciado pelo fenômeno El Niño, facilita a propagação de incêndios, principalmente em áreas de vegetação. Em razão disso, uma nuvem de fumaça cobre o céu de Manaus há mais de uma semana.

A fumaça cinzenta e densa dificulta a respiração, além de prejudicar a visibilidade em ruas e avenidas da capital.

A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) informou que o problema aumentou em 15% as chamadas para o número 192 do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), na cidade.

A situação é considerada mais crítica no interior. A cidade de Careiro, a mais de 100 Km de Manaus, lidera o ranking de focos com 85 casos, seguida por Autazes com 80 focos e de Careiro da Várzea, com 71. Lábrea tem 67 focos de queimadas. O número também é considerado alto em Manacapuru, com 57 registros, Presidente Figueiredo com 45, Borba com 43, Manaquiri 42 e Caapiranga com 30 focos de incêndios. Manaus aparece com cinco casos. Os dados são referentes a registros do Inpe entre o período de 1º a 13 deste mês.

Verão amazônico
Em setembro, a capital só registrou um dia com chuva, no dia 4, quando choveu apenas 15,8mm, conforme registro da estação meteorológica do Inmet. A previsão era de que chovesse no mês entre 43mm e 83mm. Em razão disso, setembro foi considerado extremamente seco para o período.

No mês passado, a capital registrou a mais alta temperatura dos últimos 90 anos, com 38,9ºC. O Inmet atribui a intensificação do calor ao fenômeno El Niño.
Desde janeiro deste ano o Corpo de Bombeiros já atuou em 528 ocorrências de combate a incêndios em todo o estado, sendo 276 registros somente em Manaus. A corporação está formando 541 brigadistas.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Problema da Amazônia começa nas pequenas queimadas, avalia especialista

Roçado, expansão urbana e incineração de lixo são algumas das várias origens do problema ambiental
Manaus encoberta por fumaça. Foto: Hêmilly Lira/Portal Amazônia
MANAUS – Dados recordes de focos de queimadas na Amazônia têm recebido atenção especial dos manauaras pelo fato de Manaus, no Amazonas, ser encoberta por densa fumaça desde o dia 1º de outubro. Mas queimar a floresta para manejo de solo é uma prática comum para os habitantes da região. No entanto, o excesso da atividade traz grandes prejuízos ao meio ambiente.
De acordo com o agrônomo e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária da Amazônia Ocidental (Embrapa), José Nestor Lourenço, a prática é antiga e já era usada pelos indígenas para subsistência. O homem antigo, que usava a terra para produzir o seu próprio alimento, realizava queimadas com intervalos de até 30 anos. A prática é uma maneira rudimentar de manejo de solo. O hábito persiste até hoje porque é um meio barato de limpar a área destinada à produção.
“O ribeirinho e o pecuarista fazem queimadas para limpar seus terrenos. O problema maior hoje é que estamos sem chuva”, diz. Na opinião de Lourenço, o problema das queimadas é questão de conscientização. “Pelos dados do Inpe sobre os focos de calor, as queimadas são em vários locais e de diversos tamanhos. Isso indica que a fumaça sobre Manaus é causada desde pequenos focos em quintais até grandes queimadas para pastagem”, avalia.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) aponta que de janeiro a 6 de outubro de 2015, foram registrados 11.666 focos de incêndios no Amazonas. Nos primeiros cinco dias de outubro de 2015, o estado registrou 626 focos de queimadas. Este número equivale a mais de 120 focos de queimada por dia. Ainda de acordo com a maior parte dos registros se deu em municípios próximos a Manaus como Careiro da Várzea, Careiro, Autazes, Manacapuru, Caapiranga, Presidente Figueiredo.